domingo, 5 de fevereiro de 2012

Aeroportos terão de reduzir tempo de espera de passageiros

Nove dos principais aeroportos brasileiros terão metas de atendimento e tempo máximo de espera dos passageiros nas filas. Mais movimentado do país, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), é o primeiro da lista. Ali as metas já estão estabelecidas: a Gol terá 39 minutos para atender o passageiro na fila do check-in doméstico; a TAM, 29 minutos. Há parâmetros para imigração, inspeção e Receita Federal, entre outros. A experiência pretende melhorar a eficiência dos aeroportos sem recorrer necessariamente a obras. A iniciativa, da Secretaria de Aviação Civil, se estenderá em março ao Galeão e a Confins. Até o final do ano, serão mais seis aeroportos; a lista não está definida ainda. Não haverá pena por descumprimento, a princípio. A ideia, diz a SAC, é melhorar o nível de atendimento. (Folha)

Governador baiano desmente ajuda à greve da PM em 2001

O governador Jaques Wagner (PT), por intermédio de sua assessoria de Imprensa, desmentiu que tenha ajudado, em 2001, a greve dos policiais militares. “Essa informação é absurda”, disse o porta-voz Ipojucã Cabral. “O governador tem uma carreira política amplamente conhecida da sociedade. A responsabilidade e o compromisso com a democracia são alguns dos seus princípios de ação na vida pública”, disse ele. Wagner passou a manhã de hoje na governadoria, reunido com todos os comandantes das forças de segurança e os seus principais auxiliares, acompanhando toda a operação deflagrada para manter a ordem no estado. A acusação de que ele e outros políticos da base do governo teriam dado suporte financeiro à greve dos policiais militares em 2001 partiu do soldado Marco Prisco, presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e seus Familiares da Bahia (Aspra), em entrevista ontem, na Assembleia Legislativa, onde os grevistas estão acampados. (O Globo)

Sorveteria localizada no Centro Histórico é arrombada

A sorveteria Cubana, que fica no Centro Histórico, foi arrombada e parcialmente destruída na madrugada deste domingo, sexto dia de greve da Polícia Militar na Bahia. De acordo com funcionários do local, as portas da sorveteria foram arrombadas e o local foi revirado. O segundo andar do prédio também teria sido invadido, segundo funcionários. O dono da sorveteria, que estava não informou se os criminosos levaram dinheiro ou equipamentos. Em contato com o 18º Batalhão da Polícia Militar (Pelourinho), os policiais não haviam sido informados do roubo. Segundo os policiais de plantão, a madrugada havia sido tranquila no Centro Histórico. (Correio*)

Cinema ajuda Camboja reconciliar passado com presente e futuro

Foram precisos 33 anos para que ela conseguisse pegar papel e caneta e redigir o roteiro que mudaria tudo. Mas para a sobrevivente do Khmer Vermelho Khauy Sotheary, produzir um filme sobre as experiências vividas por sua mãe durante aquele período brutal, ao invés de suas próprias, proporcionou à professora universitária de 47 anos uma compreensão ainda mais profunda do passado de sua família.
"Lost Loves" (amores perdidos) é o primeiro longa-metragem sobre o Khmer Vermelho feito no Camboja em mais de 20 anos, e sua chegada coincide com uma audiência chave no tribunal de crimes de guerra apoiado pela ONU.
É a primeira vez em 30 anos que o regime é discutido tanto e tão abertamente. E isso, segundo especialistas, comprova que o Camboja está realmente a caminho da reconciliação.
"Nós nos afastamos da história do regime porque tanto tempo já se passou, mas a memória --da dor, da fome, da separação-- está sempre presente", diz Sotheary, falando em um café em sua cidade natal, Phnom Penh. "Embora agora vivamos em paz e tenhamos comida sobre a mesa, precisamos manter esta história viva. Precisamos transmiti-la."
"Lost Loves" foca a mãe de Sotheary, que perdeu sete membros de sua família --incluindo seu pai, marido e quatro filhos-- durante o regime comunista de linha dura de 1975-79, que matou cerca de 2 milhões de pessoas.
Com elenco e equipe técnica inteiramente cambojanos, incluindo a própria Sotheary como protagonista, o filme estreou em 2010 no Festival Internacional de Cinema do Camboja, deixando a plateia fascinada, e na semana passada finalmente chegou aos cinemas da capital, Phnom Penh. A crítica o vem descrevendo como "inovador" e "belo".
ÚNICA MANEIRA
Fazendo uso intensivo do drama cambojano tradicional, o filme mostra o cotidiano das pessoas sob o Khmer Vermelho de maneiras impactantes e emocionalmente provocantes.
Em uma cena, Amara, destituída de sua identidade "capitalista" e trajando a roupa preta comunista e revolucionária, arrasta outro lavrador para o hospital enquanto sofre um aborto espontâneo causado pelo trabalho exaustivo nos arrozais. Seu sangue mancha o capim verde do lugar onde eles comem, dormem e labutam.
"Esta é a única maneira de realmente transmitir a história para as pessoas daqui", explica o diretor Chhay Bora, 49 anos, que perdeu dois irmãos às mãos do regime e diz que um documentário teria um efeito menos profundo. "Um 'docudrama' (fusão de documentário e drama) realmente transmite a experiência, fazendo o espectador sentir-se dentro dela. Ele se engaja emocionalmente."
Sotheary --que sobreviveu ao regime, apesar de sofrer desnutrição crônica e um estado permanente de desespero-- diz que saúda sua mãe "por sua força e determinação de sobreviver ao que fez". "Sendo eu mesma mãe hoje em dia, não sei se eu teria a mesma força", diz a atriz e produtora.
Bora e Sotheary, ambos professores universitários, escolheram a juventude cambojana como público-alvo do filme e vêm fornecendo ingressos com descontos a escolas e universidades, para incentivar o interesse dos estudantes.
O casal pretende exibir o filme em províncias fora da capital. "Os jovens precisam assistir a uma história, para compreender o que leem", diz Bora. "Um filme como este os ajuda a entender melhor o que leem nos livros didáticos."
Bora e Sotheary foram beneficiados em parte por um movimento recente no sentido de ensinar a história do genocídio para alunos e o grande público no mais famoso presídio e centro de tortura do país, o S-21 ou Tuol Sleng (cujo antigo diretor, Kaing Guek Eav, conhecido como camarada Duch, foi condenado em 2010 por crimes de guerra e sentenciado a 35 anos de prisão).
RECONCILIAÇÃO
Organizadas pelo principal centro cambojano de pesquisas sobre o Khmer Vermelho, o Centro de Documentação do Camboja (DC-Cam), as palestras promovidas duas vezes por semana dissecam a ascensão e queda de um governo que via a educação como doença da elite e converteu muitas das escolas do país em prisões ou armazéns.
A história do genocídio faz parte do currículo entre a 9ª e 12ª série no Camboja, mas muitos alunos duvidam da extensão das atrocidades cometidas, e alguns professores evitam tratar do assunto em sala de aula, "em parte porque não compreendem o período e não sabem como integrá-lo ao currículo", diz a historiadora oral Farina So, que faz palestras no S-21.
"Muitos pais e avós não gostam de comentar o que aconteceu, porque é um assunto tão doloroso", ela explica. "Mas, se não falarmos sobre isso em casa e não falarmos nas comunidades, como as crianças vão poder entender a história? O que está em jogo aqui é a reconciliação do passado com o presente e o futuro."
O DC-Cam treinou 3.000 professores para darem aula sobre o genocídio. O treinamento é feito em base com a ajuda de manuais, cuja produção foi financiada independentemente, que incentivam os professores a fazer perguntas aos alunos, como por exemplo "como seria a vida hoje se o dinheiro e o livre mercado fossem abolidos?" e "de que forma o regime afetou a vida no Camboja hoje?".
Mas a organização sabe que a tarefa que enfrenta é árdua. "Acredito que parte do que você conta aconteceu mesmo, mas não tudo", falou o estudante secundarista Luy Srey Mech, 17, numa palestra recente no S-21.
"Meus bisavós foram mortos na revolução, mas isso foi há muito tempo. Agora que estou vendo essas fotos, esses vídeos, estou começando a entender um pouco mais."
Youk Chhang, um importante pesquisador sobre o Khmer Vermelho, diz que seria fácil se desanimar diante de uma juventude tão aparentemente indiferente, mas que isso seria um erro grave.
"O genocídio é algo muito difícil expressar em palavras. Forçar ou esperar que as pessoas 'acreditem' que aconteceu é injusto e talvez represente uma obsessão excessiva com o passado", diz ele, observando que o fato mais novo a ter surgido a partir deste novo diálogo "é a própria comunicação".
"O diálogo que estamos vendo hoje não existia 15 anos atrás", ele comenta. "O tribunal finalmente trouxe o Khmer Vermelho para a esfera pública, criando um debate público nacional. Em toda parte há alegria compartilhada, desconfiança, tristeza, esperança. Essa questão, isoladamente, incentivou o surgimento de uma cultura do diálogo que até agora não existia na sociedade cambojana --e isso quer dizer que a discussão na sociedade é mais construtiva que a discussão no tribunal. Finalmente as pessoas estão refletindo sobre o sentido da justiça e a noção de reconciliação."
Tradução de CLARA ALLAIN

PT quer fazer pesquisa para testar aliança com Kassab

O PT quer encomendar uma pesquisa de opinião para avaliar a reação do seu eleitorado a uma possível aliança com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) na sucessão municipal em São Paulo, informa reportagem de Bernardo Mello Franco, publicada na Folha deste domingo (a íntegra estádisponível assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
O objetivo é saber se a negociação, iniciada pelo ex-presidente Lula, tem mais potencial para somar ou para tirar votos do pré-candidato petista, Fernando Haddad.
Os números devem ajudar a definir a queda de braço no partido, que está dividido sobre a hipótese de aceitar o apoio do rival histórico.
A ala contrária ao acordo aposta na rejeição a Kassab na periferia, reduto tradicional do PT paulistano, para convencer a cúpula da sigla a barrar a articulação.

OAB-RJ diz que caso Herzog deve ser esclarecido na Comissão da Verdade

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, comentou neste domingo a reportagem da Folha que localizou em Los Angeles o autor da mais importante imagem da história do Brasil nos anos 1970 --a foto do jornalista Vladimir Herzog morto numa cela do DOI-Codi, em São Paulo, no ano de 1975.
"Esse é um dos muitos episódios da época da ditadura a ser esclarecido, o que será papel da Comissão da Verdade já aprovada em lei. Está mais do que na hora de a presidenta Dilma nomear os seus integrantes", diz o advogado.
Grupo governamental que fará a narrativa das violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, a comissão terá a missão de identificar os responsáveis pelas mortes, torturas e desaparecimentos no período, ainda que não possa puni-los. Damous é um dos cotados para participar da comissão.
Zen Sekizawa/Folhapress
Silvaldo Leung Vieira, o então fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo localizado pela Folha
Silvaldo Leung Vieira, o então fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo localizado pela Folha em Los Angeles
Fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo, o santista Silvaldo Leung Vieira, então com 22 anos, foi recrutado pelo Dops (Departamento de Ordem Social e Política) para uma de suas primeiras "aulas práticas": o registro do cadáver do jornalista, que havia comparecido espontaneamente ao DOI-Codi, após ter sido procurado por agentes da repressão em sua casa e na TV Cultura, onde trabalhava como diretor de jornalismo. Ele tinha ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro), mas não chegou a ter atividades na clandestinidade.
"Ainda carrego um triste sentimento de ter sido usado para montar essas mentiras", afirmou Silvado à Folha, por telefone.
íntegra da reportagem está disponível na internet para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.
Segundo relatos de testemunhas, Vlado, como era conhecido pelos amigos, foi torturado e espancado até a morte. A imagem produzida por Silvaldo ajudou a derrubar a versão do suicídio, uma vez que seu corpo pendia de uma altura de 1,63 m, com as pernas arqueadas e os pés no chão, o que torna altamente improvável que tenha se matado.
A morte gerou manifestações, como a famosa missa na catedral da Sé, em São Paulo, e contribuiu para que o presidente Ernesto Geisel e seu ministro Golbery do Couto e Silva vencessem a queda de braço com a linha dura da ditadura, que pedia um aperto na perseguição à esquerda, sob o argumento de que o país vivia a ameaça do comunismo.
Jornal do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
O jornalista Vladimir Herzog, que foi encontrado enforcado em uma cela, em 25 de outubro de 1975

domingo, 3 de julho de 2011

Tráfico de drogas está ligado a 65% das prisões de mulheres no Brasil



Nos últimos cinco anos, 15.263 mulheres foram presas no Brasil. A acusação contra 9.989 delas (65%) foi de tráfico de drogas. Esses dados foram apresentados, nesta quarta-feira, pela socióloga Julita Lemgruber, durante o Encontro Nacional do Encarceramento Feminino, que o Conselho Nacional de Justiça realiza em Brasília. A socióloga, ao afirmar que essas mulheres atuam como pequenas traficantes – geralmente apoiando os companheiros – defendeu a adoção de penas alternativas à de prisão para que elas possam retomar à vida e, principalmente, criar os seus filhos. “Essas mulheres desempenham  papel secundário no tráfico; muitas vezes são flagradas levando drogas para os companheiros nos presídios. Elas não representam maiores perigos para a sociedade e poderiam ser incluídas em políticas de reinserção social”, disse Lemgruber, que foi a primeira mulher a chefiar a administração do sistema carcerário do Estado do Rio de Janeiro.

29/06/2011 - 15h36